19/10/2007
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – As tecnologias brasileiras para produção de biocombustíveis terão papel central nas ações do governo de Moçambique contra a pobreza, segundo Salvador Namburete, ministro da Energia do país africano.
Em visita ao Brasil, Namburete afirmou que o memorando de entendimento de cooperação técnica para a produção de biocombustíveis, assinado pelos dois governos em setembro, não estará voltado apenas para diminuir a dependência do país dos combustíveis fósseis, mas será um dos principais focos da agenda de luta contra a pobreza.
“O acordo terá papel central na nossa estratégia de combate à pobreza, pois um de seus principais objetivos é que ele gere transferência de tecnologia brasileira, permitindo que, com o desenvolvimento dos biocombustíveis, possamos aproveitar nossos recursos naturais nas zonas rurais pobres, gerando renda”, disse Namburete à Agência FAPESP.
O Plano de Ação Brasil-Moçambique na área de biocombustíveis prevê a criação de um grupo de trabalho que atuará em favor da troca de experiências na produção e comercialização do etanol e do biodiesel e do apoio ao desenvolvimento desse setor em Moçambique.
“Temos contato com empresas brasileiras que estão fazendo parcerias com empresas moçambicanas na produção de etanol e biodiesel. Em pouco mais de dois anos, o Brasil teve um avanço imenso e tem muito a nos ensinar. Temos condições climáticas idênticas para ser um pequeno Brasil na área de biocombustiveis”, disse Namburete.
Segundo o ministro, a maioria dos países da África Subsaariana não extrai benefícios da abundante base de recursos energéticos do continente, pois eles não são explorados suficientemente para criar uma cadeia de valor.
“É isso que esperamos reverter. Em Moçambique, temos 36 milhões de hectares de terra arável e só aproveitamos 5 milhões. Há ainda mais 41,2 milhões de hectares em terras marginais que podem ser usadas para a produção de matérias-primas para os biocombustíveis”, disse.
De acordo com Namburete, o governo moçambicano espera que as parcerias levem à transferência de tecnologias brasileiras. “Não vamos ao mercado comprar tecnologia para virem instalar. A idéia é que haja transferência por meio de parcerias”, afirmou.
Para o ministro, a produção de biocombustíveis em grande escala é uma oportunidade para transformar o pequeno agricultor familiar em elemento central da economia do país. “O setor privado terá um papel fundamental nisso. Esperamos que o governo do Brasil possa apoiar as firmas brasileiras que queiram investir em Moçambique”, destacou.
Além da esperança de geração de renda nas áreas rurais, o ministro espera que a produção de matéria-prima para biocombustíveis diminua a conta de energia do país. Hoje, segundo ele, o continente africano aplica 12% de seu orçamento em energia, enquanto os países desenvolvidos investem apenas 2%. Enquanto isso, apenas 25% da população urbana e 7% da população rural têm acesso à energia elétrica.
“Pretendemos reduzir nossa dependência em relação aos combustíveis importados, abastecendo uma porção do mercado interno com nossa produção. Em seguida, queremos aproveitar as oportunidades do mercado internacional, uma vez que o potencial de produção superará rapidamente nossas necessidades, gerando um excedente que poderá ser exportado”, disse.
Fonte: Agência FAPESP
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